O fascínio humano pela tecnologia faz com que a indústria cinematográfica invista frequentemente em produções que abordem este tema, produzindo uma série de filmes capazes de aguçar nossa imaginação e de criar uma reflexão importante sobre os limites da ciência. Desde os primórdios do cinema, diretores e roteiristas especulam até onde a tecnologia pode nos levar. Questões abordadas em filmes de ficção científica produzidos há décadas são hoje realidade; e conforme a indústria tecnológica ganha força, torna-se mais ampla e complexa a discussão acerca desta questão. No post de hoje, listamos sete filmes essenciais para todo amante de tecnologia. MATRIX (1999)O clássico dirigido pelos irmãos Watchowski é um divisor de águas dentro do gênero de ação e ficção, não só pelo visual futurístico e efeitos especiais inovadores, mas principalmente pela temática controversa que rompe barreiras metalinguísticas através da representação de um mundo irreal vivido pelo protagonista. O filme acompanha Thomas Anderson (Keanu Reeves), um programador de computador que tem pesadelos recorrentes nos quais encontra-se amarrado contra sua vontade a uma série de fios de uma rede enorme de computadores. Através do questionamento da realidade em que está vivendo, Thomas Anderson descobre que está sendo controlado pela Matrix, um sistema inteligente que manipula a mente das pessoas, criando um mundo paralelo e artificial que funciona de forma integrada na cabeça de todos indivíduos, enquanto utiliza seus corpos e cérebros para produzir energia. Lançado há 17 anos, Matrix traz um questionamento atual – que contiunará sendo muito debatido nas próximas décadas – ao evidenciar o caráter maléfico da tecnologia. A obra é vista por muitos como um retrato distópico do mundo atual, onde pessoas se isolam em seu próprio universo e vivem uma vida vazia, abandonando qualquer tipo de contestação ou visão crítica em relação a realidade imposta. Através de uma abordagem atual e inovadora, Matrix proporciona ao espectador uma experiência única; um prato cheio para os mais diversos públicos, desde os cinéfilos mais convictos até os consumidores de blockbusters hollywoodianos. BLADE RUNNER (1982)Lançado há 34 anos, Blade Runner – O caçador de Androides é um dos filmes mais importantes dentro da história cinema. Dirigido por Ridley Scott, a obra se caracteriza pela problematização da tecnologia como um aspecto responsável pela descaracterização do ser humano perante a inteligência artificial. Em uma Los Angeles decadente do século XXI, Harrison Ford vive Rick Deckard, um caçador de recompensas que recebe a missão de exterminar quatro androides desertores, chamados de Replicantes, que fugiram para a cidade após uma rebelião em outro planeta. Estes androides fazem parte da geração mais sofisticada de inteligência artificial disponível, batizada de NEXUS 6 – o modelo mais próximo da perfeição que os androides poderiam chegar. Os androides, cujo propósito inicial deveria ser única e exclusivamente de servir à raça humana, passam a questionar sua própria existência e buscar por mais tempo de vida, indo atrás de seus criadores para obter respostas. Metaforicamente, a busca das ‘máquinas’ por um sentido de vida é uma crítica ao fetichismo tecnológico que se agrava com o passar das décadas e descaracteriza o homem dentro do meio social; que inseridos dentro um cenário caótico composto por arranha-céus decadentes e ruas superlotadas, tornam-se vítimas de suas dúvidas e incertezas. Apesar de não ter feito sucesso na época de seu lançamento, Blade Runner é considerado hoje um cult movie que estabeleceu diversas diretrizes para a ficção científica alcançar os patamares atuais. Altamente recomendável para qualquer amante de tecnologia que deseja aprofundar seu conhecimento cinematográfico com um clássico atemporal. EX MACHINA (2015)A estreia do escritor e roteirista Alex Garland apresenta uma visão sombria em relação aos avanços das grandes empresas de tecnologia e da relação de estranhamento do homem com a inteligência artificial. O filme discute as possíveis implicações da utilização de softwares de Big Data no futuro, estabelecendo um cenário apocalíptico onde a máquina se sobrepõe ao homem, guiada acima de tudo pela “Vontade de Potência”, no sentindo atribuído a Nietzsche – um Ser governado pela vontade libertação que está acima do Bem e do Mal, fazendo do homem uma ferramenta primitiva de linguagem. Caleb Smith (Domhnall Gleeson) é um jovem que trabalha na maior empresa de tecnologia do mundo, a Blue Book, e é escolhido para fazer parte de um programa que seleciona jovens prodígios da companhia para testar uma nova tecnologia. Ele é conduzido para a fortaleza isolada onde o vive o recluso CEO da companhia, Nathan Bateman (Oscar Isaac). Depois de alguns dias no local, Caleb percebe que o verdadeiro propósito do programa era de auxiliar seu empregador no desenvolvimento de um protótipo de Inteligência Artificial chamado Ava. A intenção da Blue Blook com o desenvolvimento de seres artificialmente inteligentes é descobrir se estas criações possuem autoconsciência similar a de um ser humano ou se apenas tentam simular as emoções humanas. Porém, logo percebe-se que Nathan possui uma agenda pessoal repugnante em relação aos seus experimentos científicos que pode trazer sérias consequências. A fortaleza do CEO da Blue Book traz ao filme um estilo frio e modernista, criando uma sensação de claustrofobia e impotência – ao melhor estilo do clássico O Iluminado, de Stanley Kubrick. O primeiro longa dirigido por Alex Garland proporciona uma reflexão essencial em relação aos rumos da tecnologia e do poder da inteligência artificial. O filme coloca o homem como uma vítima de sua própria criação, conduzido pela ganancia e sede infinita de poder que eventualmente irão leva-lo à ruína. O JOGO DA IMITAÇÃO (2013)Finalista em oito categorias do Oscar, ‘O jogo da Imitação’ é um filme Britânico inspirado na história de Alan Turing, o homem que ficou conhecido como o pai da computação ao desenvolver uma super máquina capaz de quebrar um código de guerra alemão durante a Segunda Guerra Mundial. O filme é um relato fiel sobre a trajetória de um dos matemáticos mais importantes da história, responsável pelo desenvolvimento do trabalho que posteriormente resultaria nos computadores domésticos como conhecemos hoje. Através de flashbacks que se alternam entre a infância e a problemática vida adulta de Alan Turing – interpretado por Benedict Cumberbach – a narrativa proporciona uma ótima experiência para quem deseja entender mais sobre o desenvolvimento dos dispositivos tecnológicos. Em uma época onde a tecnologia era utilizada ainda de maneira primitiva, o ilustre matemático apresentava um pensamento muito a frente de seu tempo. Ainda que subestimado por muitos, Alan Turing foi um dos principais responsáveis pela vitória dos países Aliados (opositores ao Nazismo, que se consolidava na Alemanha), deixando uma herança que foi o passo inicial para diversas descobertas nas décadas seguintes. ELA (2013)No filme Her, vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original em 2013, o diretor Spike Jonze narra a história de Theodore (Joaquin Phoenix), um escritor recém separado que se envolve emocionalmente com um sistema operacional chamado Samantha (voz da Scarlett Johansson). Ao contrário dos outros filmes da lista, aqui não é a tecnologia que se sobrepõe sobre ao homem, mas o homem que abaixa suas expectativas em relação à máquina para que elas pareçam mais espertas. Theodore é um homem de meia idade que trabalha escrevendo cartas de amor para clientes de uma empresa chamada BeautifulHandwrittenLettes.com. A vida do melancólico protagonista muda a partir do momento em que conhece – ou instala – Shamantha, um sistema operacional pelo qual ele acaba se apaixonando. A partir desta relação pouco convencional (pelo menos até hoje) Theodore encontra em um software alguém com quem pode conversar e preencher seu vazio existencial, agravado pelo fim do casamento. O filme retrata a desconexão eminente das pessoas com elas próprias que dispositivos eletrônicos proporcionam. Gadgets inteligentes que são desenvolvidos de forma customizada para atender os anseios e desejos de cada indivíduo acabam criando uma falsa sensação de conforto, onde a máquina supre nossas necessidades afetivas. MEDIANERAS (2011)Baseado no curta de mesmo nome, Medianeras foi vencedor dos prêmios Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Diretor da Mostra Competitiva no Festival de Gramado em 2011. O filme argentino dirigido Gustavo Taretto retrata a tecnologia e o crescimento desenfreado das cidades grandes como responsáveis pelo sentimento crônico de solidão e vazio existencial das pessoas. Entre as construções mal elaboradas de Buenos Aires, acompanhamos o dia a dia de Martin (Javier Drolas) e Mariana (Pilar López de Ayala), um web designer e uma arrumadora de vitrines que compartilham o sentimento de estranhamento com a cidade grande e sentem dificuldade em estabelecer relações afetivas com outras pessoas. Enquanto Martin associa os males da sociedade diretamente à falta de estrutura da cidade; Mariana, vítima de depressão e frustrada com sua vida profissional, passa horas e mais horas em frente ao seu computador. Apesar de morarem no mesmo prédio, os dois nunca se viram. A falta de contato entre duas pessoas que aparentemente foram feitas um para o outro é reflexo da modernização do mundo, que dissipa as relações interpessoais em detrimento de uma vida vazia que se esvai enquanto gastamos todo nosso tempo em frente a dispositivos eletrônicos. É engraçado notar como a tecnologia que nos une, é a mesma que nos separa; e a internet que nos conecta ao mundo, é a mesma que nos desliga da vida. Personagens comuns, e que por isso mesmo, se tornam muito mais tangíveis – não se assuste caso se identifique com algum um desses dois, afinal, se você mora na cidade grande e/ou tem contato com a tecnologia, provavelmente partilha do sentimento de distanciamento do mundo real que ela nos proporcionam. Medianeras é um marco contemporâneo do cinema argentino, uma visão crua e realista do sentimento de solidão que cresce junto com a tecnologia. Recomendável para quem busca uma experiência cinematográfica simples e sensível, que retrata uma realidade comum a qualquer um de nós. EXISTENZ (1999)Em eXistenZ, o consagrado diretor canadense David Cronenberg explora as consequências do desenvolvimento tecnológico em sua fase final, onde jogos realistas baseados na imersão e interatividade quebram as barreiras entre o que é real/virtual e verdade/ilusão, moldando um mundo guiado pelo vazio e pela angústia. Em um futuro onde videogames podem ser conectados diretamente as pessoas, somos apresentados a um grupo de pessoas que estão reunidas para testar um novo jogo de realidade virtual chamado ‘eXistenZ’. É evidente que há um clima de tensão durante o beta test, que se dá tanto pela possibilidade de empresas concorrentes da produtora do jogo sabotarem o evento, quanto pela ação de terroristas da ‘Reality Undergroung’, grupo contrário à virtualização da realidade pelas tecnologias. Quando os testes se iniciam, as pessoas presentes entram em uma espécie de transe devido à imersão no mundo do jogo. Neste momento, o evento é sabotado por um homem que pretende assassinar a desenvolvedora do jogo – “Morte à Diaba” são as palavras que ele dirige a ela, enquanto aponta uma arma para sua cabeça. A partir de então, instaura-se o caos e Allegra (a responsável pela criação de eXistenZ) tem que fugir do local e proteger o console dos terroristas da ‘Reality Underground’. Com elementos que misturam ficção científica, gore e horror, David Cronenberg explora temas como o fetichismo por gadgets tecnológicos e a perda da fronteira entre o real e o virtual. O filme estabelece uma incerteza constante sobre tudo que conhecemos através de uma jornada em um universo bizarro, mas não tão distante assim. Eaí, gostou da nossa lista? Tem alguma sugestão? Escreva nos comentários! 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